Os pontos econômicos que os produtores devem observar e que podem entrar nos custos dos insumos

08/02/2022

Sempre é uma preocupação os custos, que já estão elevados, na relação direta das oscilações de preços de comercialização interna e externa dos produtos

Muitos, se não a maioria, já compraram os insumos para a safra de milho, como, inclusive, até alguma coisa já para a próxima safra de soja. Mas, pelo sim, pelo não, sempre tem as necessidades de última hora, além do que as temporadas que vêm pela frente.

Então, nunca é demais a coluna voltar novamente ao tema a respeito dos sinais da economia, nacional e global, que o produtor deve observar para a tomada de decisões.

Somando taxas de juros no Brasil, câmbio, petróleo, dólar index, economia americana – e eventuais variáveis que mexam com esses indicadores, como a recente crise no Leste europeu – tudo pode levar aos custos de produção, que já não são baixos.

Vamos, um a um:

1-    A Selic foi a 10,75%, como esperado, na reunião do Copom, e isso certamente aumenta o custo do giro de compras a prazo, embora pode dar uma achatada na inflação. Como temos um ano eleitoral, com mostras do presidente em aumentar os gastos públicos e verbas ao Centrão, sempre é um fator de risco de os juros seguirem mais altos.

2-    Neste mesmo viés, temos o câmbio. Juros mais altos internos atraí mais a divisa americana de investidores que correm para investir em renda fixa no Brasil. Nos últimos dias, a entrada de recursos e o cenário externo mais favorável ajudaram a diminuir o câmbio, mas não há segurança de que isso possa ser tendência. Mais ainda porque esta variável está diretamente ligada ao sucesso ou não do aumento dos juros básicos.

3-    O petróleo, quando se fala em insumos como fertilizantes e defensivos, é o de maior peso nos preços. O barril, nesta sexta (4), está acima dos US$ 90, com expectativas de que até o final do ano possa atingir os US$ 100. Sempre deverá haver alguma flexão de queda, mas não mostra que o óleo vai ficar mais baixo. Os produtores da Opep não se mostram a fim de aumentarem a produção para recuperarem as perdas do auge da pandemia, e com as crises entre a Rússia e o Ocidente, mais a China sobrando por fora, a energia sempre tem viés de alta.

4-    O dólar index é o indicador da divisa dos EUA na comparação com uma cesta de moedas fortes. Sempre que ele está em alta (e bolsas de ações em baixa), é sinal de risco. Ou seja, a moeda é demandada pelos investidores por ser um porto seguro. E quando o risco é alto, tudo sobe. Esse tipo de câmbio também está associado às condições da economia americana, naturalmente.

5-    Bom, falando em economia americana. O Federal Reserve (Fed) já indicou que deverá haver aumento dos juros em março, tendo em vista a preocupação com a inflação interna, que, em 2021, tocou a máxima de alguns anos. Como aqui no Brasil ou em qualquer parte do mundo os juros servem para diminuir o ímpeto de consumo, mas a questão nos EUA é que essa política contracionista atrai recursos de investidores em títulos do governo, outro porto seguro como é o dólar. E com menos recursos em circulação, direcionados ao mercado americano, também implica nas condições de cada economia mundial.